segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Um interlúdio na estória de Jeremias, o Pastor, para dar lugar a Uma Injúria e Uma Reflexão. Altamente preconceituosas para alguns, porém necessárias.

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Uma Injúria

No começo o homem abusava os índios, roubava sua terra e seu alimento por algum pouco em troca. Transformou, desgastou e arruinou seu espaço natural. Não deu as condições de vida justas a seres humanos pouco introduzidos à "vida civilizada" como o homem branco e metido-à-besta pregava. Ignorou sua cultura enfiando na cabeça do índio uma religião estranha a seu modo de vida e profetizada por um homem que não fazia diferença se havia existido ou não para os nativos, Jesus Cristo. Ignorou sua estirpe enfiando, órgão reprodutor feminino à dentro, gametas europeus e fez toda aquela bagunça organizada que a "civilização" da época julgava ser correta. A civilização ocidental.

Hoje em dia os papéis se invertem assustadoramente, depois de séculos de antropólogos chorando ao ar livre que a identidade indígena é isso e aquilo, chegamos ao ponto da ingenuidade em relação aos nativos. Ao ponto de pensar que não são humanos. Foda-se aquele discurso de humanos que orientam sua razão rumo a um mundo cada vez mais pacífico e com igualdade para todos. Digo humanos no sentido nojento. Os índios são tão humanos que eles mesmos agora se consideram animais, querem viver como escorpiões, isolados do mundo de carros e edíficios, televisão e internet. Eles são animais, tá, tá... Uma porra que não sabem o que são carros, edíficios, comércio, anúncios publicitários, empresas, televisão, informática. Eles sabem de tudo isso, mas se fazem de escorpiões, para aí a picada ser mais fulminante. Eles, vivendo à parte, se acostumaram com All-stars, com Nikes, com Adidas, com Levis, e não se acostumariam com a difícil vida capitalista de estudar durante uns 20 anos, competir outros 10 e ganhar mais do que um milhão de brasileiros no caso de ser bem-sucedido? E o caso de ser mal-sucedido? Uma porra! "Muito arriscado para índio. Índio querer tranquilidade." Até esta piada do modo de falar indígena está ultrapassada, índio fala muito bem português! Qualquer pessoa se adapta a qualquer coisa. Lógico que eu me adaptaria a possuir todo o estado de Roraima, com 70% de terras indígenas, podendo parar o tráfico ocidental (do mundo ocidental que não os toca, quero dizer) por meses, conforme eu queira. O que eles não querem é perder subsídios da Funai. Odeio tribos indígenas, justamente porque índios também são humanos e se recusam, deliberadamente, a viver como tais.

P.S.: Para pelo menos seu estilo de vida ter mais verossimilhança, use tanga.

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Uma Reflexão

Uma tristeza, realmente, o caso do estudante de biomedicina, Alcides do Nascimento Lins, de 22 anos, assassinado por engano na madrugada do sábado. Ele era de uma família realmente pobre, filho de uma vendedora ambulante e passou em primeiro lugar na UFPE, no curso de biomedicina. Putaquepariu, quando vi essa notícia no jornal fiquei maravilhado e realmente senti a morte do rapaz, até o reitor da universidade chorou muito. Mas depois de um tempo. Peraí! Ele foi confundido com um rapaz que devia grana de drogas, segundo o Jornal Nacional. Depois de uma história de "superação" tão linda, um desfecho tão obscuro iria tirar méritos do estudante perante a preconceituosa população brasileira. Então pensei, "quantas pessoas usam drogas na UFAL?", "quantas pessoas usam drogas?", "quantos pais usam drogas?", aqui em Maceió, um dia desses, uma senhora de 50 anos foi presa portando crack, "quantas pessoas que você nem imaginaria vendem drogas?". Hoje em dia, a droga não mais diz quem você é. Ela é uma coisa tão natural quanto usar óculos Ray Ban, certas pessoas não gostam, mas ninguém vai execrar você da sociedade por causa disso. Mas como isso é uma tendência em desenvolvimento, pega mal para o Jornal Nacional, da nossa tendenciosa Rede Globo, reportar tal história em nosso jornal noturno, tão horário nobre. Não estou aqui dizendo que ele realmente devia grana de drogas. Acho apenas que poderia ser verdade, seria plausível. Primeiro lugar em biomedicina na UFPE, viciado em maconha. Por que não? E não é por ele ser da classe baixa. A droga é apreciada sem distinção de classe social, é a religião desse novo século.

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