segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Conto possivelmente infinito e interminado. Part deux.

Diário de Zed Zápidos, 10/1x/xxx7, 23:23 fst

Eu ainda lembro do cheiro do sangue daquela acrinóide. Não há nada de especial no cheiro do sangue de um acrinóide. Mas o sangue daquela em especial ficou na minha mente. Fazem meses agora. E o cheiro ainda invade meu olfato nas horas mais estranhas. O caso foi arquivado.

Acho que eu fui arquivado também.

Preciso de um caso. O caso da acrinóide ainda me intriga. Eu ainda passo na frente da espelunca em que ela foi morta. De propósito, na maioria das vezes. Eu sou um obcecado. Eu preciso de tabaco. Eu preciso de álcool.

E, mais uma vez, não estou fazendo sentido. Não é isso que eu quero contar. Ou será que é?

O fato é que eu quero investigar mais a fundo o caso da acrinóide. Eu nunca me senti atraido por acrinóides. Especialmente uma tão brutalmente desfigurada. Eu sempre gostei de vespasianas, ou talvez até humanas. Novamente estou falando besteira. Enfin, eu precisava investigar a minha angústia. Não comecei pelo hotel. Meu bom senso dizia que eu deveria começar por lá. Porém, quem sou eu pra seguir algo como bom senso? Eu tenho três dedos, ás vezes sou verde, ás vezes sou amarelo, perdi minhas antenas na adolescência. Sou um renegado entre meus pares. Moro num planeta pequeno e provinciano. Cheio de humanos e meesianos. A população de outras espécies é vasta, mas essas duas pragas fazem tudo mais complicado. E é claro, tem os piratas. Mas eu não quero falar deles agora. Agora me dou conta que novamente estou falando de coisas aleatórias. Maldito fluxo de consciência.

Ainda lembro dos olhares que recebi ao entrar naquele luxuoso restaurante cheio de bonecas de luxo e seus capotes. O que fazia um marciano como eu, vestido daquele jeito, num restaurante tão luxuoso? Como eu disse, eu precisava começar em algum lugar. Eu tinha a impressão que aquele antro de ricaços e acrinóides seria um bom lugar pra começar.

E comecei por lá.

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