sexta-feira, 31 de julho de 2009

Contos Paranóicos No. 99

Tem algo acontecendo... e eu sou contra. Absolutamente contra. Eu não defendo esse tipo de coisa porque minha orientação é outra, estou predestinado a outra coisa e não sei o que é. Eu sei ao que me contraponho e objeto a favor da bilateralidade dos pólos, e o que está acontecendo é uma unilateralidade que eu não posso acreditar que esteja havendo. À priori, esse tipo de coisa acaba acontecendo e o idiota sou eu que fico querendo confraternizar os que cometem parricídio. Tem coisa mais contraditória do que o que acabei de dizer? Isso não é um desabafo (ode?) a solidão de Franco Larbelo, não é um grito contra a Arte Divina do Hierofante do Chaos, muito menos uma jarra de realidade jogada na cara do leitor como Robespirraça propôs em um de seus posts. É apenas uma declaração de que tem alguém contra. Tem alguém que quer que você perca. Tem alguém que deseja que o pedal do acelerador emperre ou que o freio falhe. Tem alguém que deseja que aquilo tudo não seja um pesadelo. Tem um lado sempre pendendo mais forte. E tem alguém sempre torcendo pela força do não-favorável. Tá muito sério? Então chego ao fim: Tem sempre alguém contra a Oligarquia da Felicidade e é por isso que Stephen Stills canta. Pra que você esqueça seu guarda-chuva em casa. E chova o céu todo em cima de você.

- Puta que pariu! Quem imaginava que seria assim?
- Fazer o quê, né? Corre!
- Não muda nada, a gente vai se molhar do mesmo jeito.
- Pelo menos a gente não percebe.
- Comigo não funciona isso, esse papo de impressão... É fato. Se vou me molhar do mesmo jeito, andarei como se não chovesse. - E desacelerou.
- Beleza, te encontro lá. - E saiu correndo.
Depois de certo tempo caminhando, parou de chover. Chegando no local, percebeu uma movimentação, acelerou o passo e a viu chorando em frente à parede, mãos no rosto.
- O que houve?
- Ele tinha rendido todo mundo já. Mas me reconheceu... não sei como... me reconheceu...
- Quem?
- Você sabe quem...
E Pezinho correu.

No momento em que Pezinho ouvia dela que, se corressem, amenizaria o fato de estarem se molhando, Pai-do-Mé entrava na lanchonete e rendia todo mundo, ele imaginava que já estivessem lá, mas não estavam. Quando viu apenas a garota chegar, ele decidiu levá-la como garantia:
- Você! Vem comigo!
Ela obedeceu atônita, chegando do lado de fora da lanchonete, ele disse:
- Você vai me ajudar a pegá-lo.
- Quem? Do que você tá falando? Me deixa ir, por favor...
- Você sabe muito bem de quem tô falando, não desconversa!
Demorou um pouco pra responder. Finalmente disse:
- O que você quer que eu faça?

X-Picanha com adição de catupiry, duas pepsis, uma pizza e pimenta. X-Picanha com adição de catupiry, duas pepsis, uma pizza e pimenta. X-Picanha com adição de catupiry, duas pepsis, uma pizza e pimenta. Não podia esquecer, começou naquele mesmo dia, tinha que ser perfeito. Mas não foi perfeito, quando ouviu o "Pro chão, filho da puta" encaminhado a ele, soltou a bandeja.
- Não a comida! Você, balofo!
Então deitou-se. O cara com a arma não queria roubar o local, isso era certo, mas ele apenas gritava coisas que não faziam sentido. "Saia daí!", "foi tudo armado", "eu sei que você tá aí, seu porra!". Então, depois de um tempo sem resposta, o cara sai da lanchonete com uma mulher, esse era o momento. O novato pega o celular e liga pra polícia. Seria não mais o novato, seria o Heroi.

- Tô dizendo a você, não foi ele quem gravou...
- Então pra que porra ia ter a foto dele na capa?
- Sei lá, esse lance de contrato, eu acho. Ele tinha acabado de entrar na banda, deve ter assinado um contrato. O outro já tinha saído, acho que a gravadora ou distribuidora não tinha mais direitos de imagem...
- Puta sacanagem...
- Também acho. - E acende um Marlboro.
Azul vai ao banheiro. Branco esperava a eficiência do novato para acertar o pedido, nem ele lembrava mais... X-Picanha, duas pepsis, uma pizza e pimenta, achava que era isso, mas esqueceu da adição de catupiry. Cena engraçada foi o cara apontando a arma pro novato e o novato soltando a bandeja. Logo Branco foi pro chão também. Não entendia muito bem o que aquele assaltante(?) queria, ele só ficou gritando merda com a arma não mão. Tinha acabado de sair (muito esperto por sinal) com uma gatinha que tinha chegado, para o azar dela, logo naquela hora. Será que era diversão que ele queria?
- Que porra essa galera tá fazendo no chão? - Perguntou o Azul quando voltou, completamente chapado.

Ela chorava muito, só dava pra ver agora a silhueta de Pezinho, como de uma formiga, correndo, lá longe. Pezinho ia tomar no cu por causa dela. Não que ela se sentisse mal por causa disso, ela se sentia mal porque tinha prometido a si mesma que não se envolveria mais nisso. Ia fazer o que ela tinha decidido, ficar com o Pezinho por mais um mês até dar o pé-na-bunda nele. Mas agora Pezinho ia tomar no cu, e ela ficaria sem ninguém. E se tinha coisa que ela não queria era ficar sem ninguém. Sentou numa mesa. Acabou ficando muito puta por alguém que brigava por uma adição de catupiry ou algo assim... Levantou-se e foi pra casa.

- Aonde é? Não tô achando porra!
- Entra nessa aqui! Acho que é aqui!
E era, o carro dobrou na esquina e parou em frente a lanchonete, o rapaz armado conversando com uma mulher que chorava saiu correndo ao avistar a viatura, a mulher correu atrás, o entregou alguma coisa e depois voltou, ainda chorando.
- Vamo Teixeira! A gente pega aquele filho da puta!
- Você não vai atrás daquele cara nem a pau!
- Como é vei? O cara tava armado!
- Eu sei o que eu tô fazendo! Fica aqui no carro e não me pergunta porra nenhuma depois!
- Bixo...
- Nem agora!
Chegou próximo à garota e disse:
- É 37?
- Hã? - Soluçando.
A segurou forte pelo braço, claramente a machucando, e repetiu:
- É 37?
- É... é... - Falou, como que morrendo.
A viatura saiu, gritando, rua abaixo. Menos de um minuto depois, Pezinho chegava. Ele ia tomar no cu.

2 comentários:

  1. own que meigo, prometo que quando a minha internet se normalizar eu vou ler todo esse post (enorme e que já me cansou) e leio todos os outros e faço comentários chatos e que Franco Larbelo não gosta.

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