quarta-feira, 17 de março de 2010

Jesus Cristo - um cachorro cínico!


Hoje em dia, com tantas piadas sobre o filho de Deus, o próprio Messias, oriundo da cidade homônima de Alagoas, satélite da futura Grande Maceió, a figura de Jesus Cristo assumiu um espectro bastante vulgar, principalmente depois das pinturas medievais, que tinham a estranha propensão a destacar a silhueta e recatar seu queixo, denotando leveza de caráter e aspecto sofredor. Mas poucos sabem a verdade, o que explica o fato de quase ninguém mencionar Jesus Cristo como uma divindade, ele era muito povão pra ser chamado assim. A verdade tácita diz que Jesus Cristo era um cínico. E um cachorro. E apaixonado pela cultura helenística, mesmo sem, provavelmente, saber quem era Diógenes de Sínope ou cultura helenística.

Diógenes de Sínope defendeu e consolidou as ideias de um predecessor seu, Antístenes, que foi discípulo de Sócrates, como quase todo filósofo vivo depois deste. Essa corrente de ideias, chamada de Cinismo, postulava que:
1. A existência submetida apenas à teoria, escrava das elaborações intelectuais, sem o exercício da prática, do exemplo e da ação, não tinham nenhum sentido.
2. Os cínicos deveriam viver uma Autarquia, ou seja, buscar seus instintos mais primários, seu lado animal, vivendo sem nenhuma carência de residência ou de qualquer conforto material. Ser um nômade sem renda ou família.
3. E, por fim (de maneira geral), os adeptos do cinismo deveriam prescindir de qualquer tipo de pacto social e bens materiais, pois a verdadeira felicidade, para a qual nada disso é necessário, estava ligada à estados da alma e não a objetos externos.

Isso tudo nos leva ao título. Jesus Cristo era um cínico. Com exceção do pacto social, ele seguia quase à risca todos os ensinamentos, principalmente no relacionado aos estados da alma.
LEITOR HIPOTÉTICO: Até aqui tudo bem, mas chamá-lo de cachorro? Esse é aquele tipo de post idiota que começa com disparates e depois vai abrandando até entendermos o que você quer dizer?
AUTOR: É. Infelizmente somos deste tipo de pessoa.

Na peça de Shakespeare, O Mercador de Veneza, temos um personagem judeu, Shylock. Um tremendo filhodaputa rico devido ao crescente comércio marítimo europeu. Esse judeu pira quando é chamado de cachorro por um dos personagens que tem dívidas até o pescoço para com ele, que também era um usurário talentoso. Pois é, entre os judeus, ser chamado de cachorro era muito próximo de ser chamado de Satã, mas, infelizmente, ironia do destino, Jesus era um cachorro, vocês fazem as contas. Isso pode apenas ser explicado por um fenômeno chamado confusão linguística. A palavra cinismo vem do grego kynós que significa cachorro, uma alusão à vida desses animais, que se assemelhava à vida dos cínicos, que era quase nômade.

Chegamos então à triste conclusão de que Jesus era um cachorro cínico. E que as piadas sobre ele, que vá lá, talvez mostrem que o mundo é cada vez menos cristão, pecam pela falta de noção do pensamento do Messias, que é quase diametralmente oposta do que a Igreja Católica ou protestante prega. Talvez os cultos devam ser realizados em barracos ou em plena praça pública, eu acho que eles deviam se extinguir. Jesus Cristo era contra o luxo, a suntuosidade e a formalidade que assumem seus seguidores. Ele era do povão. Tinha um pensamento altamente humanista, comunitário, simples. A Igreja é anticínica. Jesus Cristo, um cachorro cínico!

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